Monday, January 18, 2010

2-A Grande Aventura

Procedente das comunas de origem( i paesi) no aguardo do embarque, depois de haverem ultrapssado os martirio da "via crucis", que representavam as despedidas dos amigos e mesmo de familiares que la permaneceram, "dopo de piangere fin al cabo de un mese" (depois de chorar por um mes inteiro), conforme referiu Ida Zucchetti Comunello, a experiencia de seus pais Giacomo Zucchetti e Domingas Braganollo. Foram assim, a bordo de um barco ancorado no cais do porto da cidade de Genova, na Liguria, na companhia de centenas de outras familias emigrantes, de posse de alguns poucos pertences de utilidade imediata, como baus, roupa e objetos de cozinha.

Nao tendo mais lagrimas a derramar e ja feitos ao mar, 'la nave" ( embarcacao), sua habitacao dali por diante estendeu-se a 40 dias e noites - tempo medio calculado para se alcancar a terra americana.

Era um misto de barco a vela e a vapor que oscilava ao sabor da correnteza e aos caprichos dos ventos, ora avancando, ora recuando, permitindo-lhes descortinar espelhos naturais de indescritivel beleza, com a vastidao infinita das aguas e confundir-se com as profundezas etereas de um grande ceu onipresente. o avistamento dos retalhos esverdeados dos montes altivos da costa italiana, que ia se distanciando, pouco a pouco, e a descoberta de numerosos cardumes de variadas especies de peixes e de tubaroes. E a superficie d'agua impressionava-lhes aumentadndo o trauma da partida.

Contudo, as perspectivas que se apresentavam para o restante da travessia transoceanica em nada poderia-lhes tranquilizar. Outros navios de passageiros seguiam abarrotados de pessoas, bagagens e animais que eram levados junto para serem abatidos durante a viagem. Os desconfortos, a falta de higiene e os transtornos sem conta decorrente da superlotacao, alem dos perigos costantes frente ao grande mar imprevisivel, salgavam-lhes os dias. O cardapio de bordo nao superava o feijao com farinha de mandioca. Como os italianos ainda nao conhecessem a farinha de mandioca, acreditavam tratar-se de quizo ralado, e quando a provaram pela primeira vez, alguns deles disseram "mamma mia.. questo ze legno..." (isto e madeira...).

No longo e interminavel periodo de mais de mes, dezenas de pessoas sofreram de molestias, com febres e estados gripais, complicados pelas condicoes de umidade, influencias climaticas e desnutricao.
Como e natural a morte, com sua adestrda foice de ceifar vidas, recolhia preferencialmente os pequenos e jovens ainda pouco resistentes. Velados por vinte e quatro horas, os corpor eram dados ao mar como sepultura, atraves da escotilha (janela) do barco, so das criancas - Fausta Costella, depois Frasson que perdeu dois irmaos, vitimas de febre - , as maes eram viradas de costas e tinham a cabeca velada por um avental para que nao participassem do torturante espetaculo.
Mas, se muita lagrima escorreu, nem tudo era suspiro de infelicidade. A excelsa e feliz tadicao dos italianos no cultivo do bel canto rompia com valor para afugentar as dificies condicoes em que se encontravam.
O repertorio das cancoes alegres e espirituosas contribuia para injetar-lhes animo e coragem. Coragem de suportar mais um dia de adversidades, pois a "Merica" nao deveria estar muito distante! Logo, logo ate ela chegaraiam...!
Os emigrantes que possuiam o dom de cantar e encantar os navegantes recebiam da tripulacao do navio lagostas e outros frutos do mar, visto que afirmavam gostar de ouvir o cantar da patria italiana.
"Joao Sechhi" recorda certo fato que lhe foi transmitido: durante a interminavel travessia, um grupo de imigrantes estava confinado ao porao do navio, na mais baixa classe economica onde vigorava um sufocante calor de nao mais poder suporotar. Nisto um deles sugeriu:
"Andemo su em cima en tel bastimento por ciappor aria e scomiciemo a cantare" (vamos para cima ate o conves para tomar ar e comececamos a cantar).
Concordaram todos, imediatamente e, com a ideia por demais oportuna, para la sem mais esperear seguiram.
Era noite, ja devidamente instalados na cobertura superior da embarcacao, agraciados pela refrescante brisa marinha, os novos aventureiros de alem mas puseram a cantar a saudade da vida que haviam deixado para tras na Italia, de cada um eternanmente vulneralvel...
Todavia, aquela serena alegria parecia naufragada a ter pouca duracao, uma vez lhes surgiu, com ar grave um "carabiniere"(policial italinao) que era como se chamava os guardas de seguranca de bordo, atraidos pelas potoentes vozes em cantorias.

Intimidados com sua presenca, qual nao foi a surpresa quando o carabiniere, que era responsavel em cuidar os tipulantes naquella travessia maritima, mandou com que alguem fosse buscar 'um fiaschetto de vino chinati" ou seja, o melhor vinho do navio que vinha acondicionado em garrafoes de palha, e mais "piati de macarroni e galetto'(pratos de macarrao e galeto).
Desde aquela memoravel ocasiao, entao as serenatas foram se repetindo a noite, recheados de alegria e com as mesmas regalias.
E assim postos a prova por dias a dias com privacoes, mas com esperanca e otimismo, paravam repentinamente seus canticos e perguntavam entre si'nao so aquelas nossas montanhas? onde ficavam varios minutos parados tentando avistar os cumes ainda afastados e a provincias a proximicao da desconhecida e ansiada terra do Brasil. Aclamacao com emocao, atraves de seus cantos o termino do sofrimento e a chegada ao Brasil.

"Monte te veddo..., monte te veddo..." (monte te vejo, monte te vejo...).
Ja proximos, todos podiam ver os contornos da nova terra, em constraste com o mar.
Era uma visao de expectiva do novo horizonte brasileiro.
"El Brasile...La Merica..." , La nostra Merica..." em Brasile noi siamo arrivati..." (A nossa america..., no Brasil nos todos chegamos).

Frase que unidas apos pelos italianos, formaram a letra da musica" Merica", que ate hoje e entoada pelos descendentes dos imigrantes Italianos da serra gaucha, que levados de grande emocao recordam seus antepassados.

No comments:

Post a Comment